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SECRETÁRIO PEDE APOIO DA CÂMARA PARA A SAÚDE

[b]Baixo salário pago aos médicos e pouco orçamento dificultam ações, reforça Irineu Pasold[/b]

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O secretário de Saúde de Jaraguá do Sul, Irineu Pasold (foto à direita), desafiou os vereadores a serem padrinhos, no ano que vem, das duas unidades de pronto-atendimento, as chamadas UPAs, que devem ser instaladas no município. A UPA é um estabelecimento de saúde de complexidade intermediária entre as unidades básicas de saúde e a rede hospitalar, um serviço de pronto-atendimento que funciona em horário integral, inclusive nos fins de semana, equipado tanto para atender pequenas e médias emergências quanto pacientes graves, até que sejam removidos para um hospital. O secretário diz que existe uma preocupação de que as UPAs não se transformem em atendimento de pronto-socorro, que não é o objetivo. Ele calcula que a construção das unidades fique em torno de R$ 400 mil. E os vereadores seriam “beneméritos da saúde”, brincou.
Pasold também aproveitou para fazer outro pedido que ele mesmo chamou de uma “provocação” aos vereadores – para que a Câmara destinasse pelo menos R$ 100 mil por mês para a sua pasta. “A dotação orçamentária está curta. A saúde agradeceria”, destacou, para lembrar que sabe dos gestos generosos que os vereadores fazem para a comunidade, com repasses de verbas para entidades sociais, culturais e esportivas.
O presidente da Casa, Jean Leutprecht (PC do B), respondeu ao secretário que do orçamento deste ano para o Legislativo ficaram R$ 4 milhões na Prefeitura. “Mas para o ano que vem podemos conversar e no que a Câmara puder ser parceira vai fazer sua parte”, destacou.
Os pedidos do secretário encerraram a longa sessão de terça-feira, que mais uma vez ultrapassou o horário regimental de duas horas e se prolongou até quase as 22 horas. Convidado pelo vereador Lorival Demathê (PMDB) para falar sobre a situação da saúde no município depois de ter dado diversas entrevistas onde dizia que a situação beirava o caos e estava em estado de calamidade, o secretário respondeu pacientemente aos questionamentos dos vereadores.
Pasold apresentou números, falou sobre convênios, repasses de verbas, o orçamento apertado, o baixo salário dos médicos, a falta de pessoal, a disposição da equipe em fazer o melhor, e informou que no site da Prefeitura há informações públicas sobre atendimento. No link Saúde – Lista de Espera, por exemplo, pode-se saber a situação da lista de espera das consultas para especialidades médicas. Esta lista hoje está repressada em 17 mil consultas. A lista de espera, explicou, é para não furar a fila e organizar o cadastro por especialidade.
O secretário disse que um dos principais problemas – a falta de médicos nos postos de saúde – está longe de ser resolvido em função da burocracia e do baixo salário oferecido a estes profissionais. O salário base de um médico do município é R$ 2.813,00 por quatro horas de trabalho. Ele exemplificou que este mesmo médico, trabalhando em seu consultório, mesmo que recebendo um valor de R$ 30,00 como pagam determinados planos, pode ganhar até R$ 24 mil por mês.
Para conseguir manter os médicos nos postos, o secretário estuda a criação de uma gratificação. Ele disse que pretende mandar para a Câmara ainda no mês de junho um projeto criando uma gratificação pelo tempo que o médico permanece no posto. “Não falarei em valores, porque ainda precisamos analisar os impactos e condições financeiras, mas haverá três escalas, dependendo da carga horária cumprida. E também rigor no registro do ponto”, destacou.
Por enquanto, o jeito é improvisar para não deixar a população sem atendimento. O vereador Lorival Demathê disse que se preparou para o encontro com o secretário visitando alguns postos de saúde para verificar como estava a situação. E que ficou satisfeito em constatar que o posto do bairro Nereu Ramos, onde mora, é um dos melhores do município, mas ficou preocupado em saber que há bairros em que a estrutura é precária.
O secretário disse que realmente falou em calamidade na saúde, porque este estado permite que se contrate imediatamente os médicos necessários, mas ele ainda não contratou em função da burocracia e da falta de dotação. “Quando assumi, vi que a previsão de orçamento já estava R$ 900 mil negativos”, lamentou.
Por enquanto, faz remanejamento. Para atender ao Rio da Luz, que estava sem médico, pegou um médico do Rio Cerro 2, por exemplo. Na Estrada Nova, um médico contratado como especialista estava no posto. “Queria 25 médicos de imediato lá dentro, mas fui pego de surpresa com a dotação orçamentária que foi deixada.”
A baixa remuneração oferecida aos médicos foi questionada pelo vereador Ademar Winter (PSDB), que perguntou se há possibilidade de se pagar melhor os médicos para evitar problemas nos postos. Por enquanto, segundo o secretário, este problema só poderá ser sanado mesmo com uma gratificação e um controle rígido do trabalho.
O vereador Lorival Demathê também quis saber por que o carro do resgate social não funciona mais 24 horas por dia. O secretário respondeu que este serviço de plantão funciona até as 22 horas, porque não existe alta médica hospitalar de madrugada. Disse que os motoristas que faziam plantão disseram que eram chamados para levar bêbados para casa. O vereador insistiu questionando como fica o caso de uma pessoa que recebe alta no pronto-socorro de noite. O secretário reforçou que o serviço é oferecido até as 22 horas.
Diante das dificuldades financeiras que o secretário apontou, o líder do governo na Câmara, Ademar Possamai (DEM), sugeriu colocar um especialista para o desenvolvimento de projetos para buscar recursos federais. “Que tenha uma pessoa que cuide dos projetos. Jaraguá precisa buscar recursos fora do acordado e que vem todo o mês”. Pasold disse que tem pessoas trabalhando para isso. Uma delas é a sua assessora, a ex-secretária de Saúde do município, Nanci Zimmermann, que fica o dia inteiro buscando projetos. Ele destacou ainda que das 16 funções comissionadas da secretaria, incluindo ele, só três funcionários não são de carreira, mas que têm experiência e estão buscando soluções.