Na tarde desta quinta-feira (11), a Câmara Municipal de Jaraguá do Sul, através da Procuradoria da Mulher, promoveu uma roda de conversa com os servidores homens do Legislativo, conduzida pelo psicólogo Jeovane G. Faria. O encontro buscou ampliar a reflexão sobre o papel masculino no enfrentamento à violência contra a mulher e discutir aspectos históricos, culturais e sociais que sustentam desigualdades de gênero.
A procuradora da Mulher, vereadora Professora Natália Lucia Petry (MDB), e a membro da Procuradoria, vereadora Sirley Schapo (Novo) fizeram a introdução ao debate e destacaram a importância de os homens se engajarem na luta contra a violência doméstica. Elas também agradeceram a todos os funcionários que tiraram um tempo de sua rotina para refletir sobre o tema.

Faria iniciou a apresentação destacando o paradoxo entre o avanço civilizatório e a persistência da violência contra a mulher. Segundo ele, uma sociedade verdadeiramente evoluída exige a superação de padrões de dominação e a construção de relações baseadas em respeito e igualdade.
O psicólogo apresentou um panorama histórico sobre o patriarcado, ressaltando que o sistema de dominação masculina é uma construção social milenar, e não algo natural. Ele citou exemplos de antigas sociedades matriarcais para mostrar que a subordinação feminina foi imposta culturalmente. Também abordou a desvalorização do feminino ao longo da história, refletida na divisão sexual do trabalho e em desigualdades que permanecem nas esferas econômica, política e social.
Outro ponto discutido foi a construção da masculinidade hegemônica. Faria analisou como padrões culturais rígidos influenciam comportamentos masculinos, geram pressões e dificultam, por exemplo, a aceitação da rejeição feminina. Esses modelos, segundo ele, contribuem para dinâmicas de poder desiguais e alimentam situações de violência.
O psicólogo também destacou que a violência contra a mulher é expressão de desigualdades entrelaçadas — de gênero, raça, classe e orientação sexual — e que a banalização social desse problema, reforçada por piadas e comportamentos tolerados, ainda dificulta o enfrentamento.
Durante a conversa, Faria enfatizou que a transformação precisa começar pelos homens. Ele defendeu a conscientização crítica, o questionamento de padrões tóxicos de masculinidade e a adoção de práticas baseadas no respeito, empatia e cuidado mútuo. A participação ativa na denúncia de agressores, no apoio às vítimas e na promoção da igualdade foi apresentada como parte essencial do processo.
O encontro também abordou caminhos para a mudança, como o fortalecimento de movimentos sociais e políticas públicas, a educação para a igualdade desde a infância e a importância de homens aliados no combate ao machismo no cotidiano. Ao final, Faria ainda reforçou que a violência contra a mulher não é inevitável e que a sociedade só poderá avançar de forma plena quando houver compromisso coletivo e transformação cultural profunda.