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Vereador alerta sobre a escalada da violência doméstica e faz apelo

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Durante a sessão desta quinta-feira (8) na Câmara Municipal de Jaraguá do Sul, o vereador Delegado Mioto (União), que também é procurador adjunto da Procuradoria da Mulher, fez um pronunciamento forte e pessoal sobre o avanço da violência doméstica no município e na sociedade como um todo. Ao falar da tribuna, Mioto compartilhou experiências vividas ao longo de sua carreira de mais de 15 anos como delegado de polícia, destacando a urgência de identificar os sinais iniciais da violência e de denunciar antes que seja tarde demais.

Mioto relatou que, em apenas dois plantões recentes, atendeu quatro casos de violência doméstica — todos com vítimas gravemente agredidas fisicamente. Em dois desses casos, os agressores afirmaram ter espancado as companheiras simplesmente por se sentirem ofendidos com algo que elas disseram. “É inadmissível que uma fala gere uma resposta tão brutal. Vi mulheres chegarem à delegacia com cortes profundos no rosto, membros enfaixados, hematomas. Não há justificativa para tamanha violência”, declarou.

O vereador alertou que, na maioria dos casos, a violência começa de forma sutil: um tom de voz elevado, um xingamento, uma atitude de desprezo. “A agressão física é o fim de uma escalada que começa com sinais verbais e emocionais. Muitas mulheres não percebem ou preferem ignorar os primeiros alertas, seja por medo, dependência financeira ou por acreditar que estão protegendo os filhos e a família”, afirmou.

Mioto destacou o impacto desse silêncio dentro dos lares, especialmente sobre as crianças que crescem em ambientes violentos. “Muitas vezes, o agressor é um pai atencioso com os filhos, e isso confunde a criança. Ela cresce naturalizando o abuso, achando que é parte de uma relação normal. E esse ciclo pode se repetir, com o filho se tornando um agressor no futuro.”

Em sua fala, o vereador também criticou a ideia de que prender o agressor é, por si só, uma vitória. “Não há mérito em prender um homem quando a mulher já está devastada, sem conseguir falar, andar ou sequer abrir os olhos. A verdadeira vitória é impedir que a violência chegue a esse ponto. Queremos intervir antes, quando ainda há tempo de proteger física e emocionalmente essa mulher.”

Por fim, o parlamentar fez um apelo direto às mulheres de Jaraguá do Sul e região: “Se você está passando por gritos, xingamentos, humilhações, se está sendo empurrada, segurada com força ou sente medo dentro da sua própria casa, não espere pelo pior. Procure ajuda. A Procuradoria da Mulher da Câmara está de portas abertas para acolher e encaminhar cada caso com seriedade e responsabilidade.”

Ele destacou que a Procuradoria é composta por uma equipe comprometida, incluindo as vereadoras Professora Natália Lúcia Petry (MDB) e Sirley Schappo (Novo), e que a rede de apoio inclui a Polícia Civil, Polícia Militar, Ministério Público e o Poder Judiciário.

“A violência doméstica está mais próxima do que muitos imaginam. Pode acontecer com uma amiga, uma vizinha, uma colega de trabalho, ou até dentro da nossa própria casa. Por isso, é nosso dever enquanto sociedade agir, acolher e não silenciar”, concluiu Mioto.

A vereadora Sirley Schappo (Novo), que também integra a Procuradoria da Mulher, reforçando as palavras do vereador Mioto, destacou que, em apenas cinco dias, houve um caso de feminicídio e nove registros de espancamento contra mulheres no município.

“E tantas outras que foram espancadas e que nem fizeram o boletim de ocorrência”, lamentou. Para ela, o problema é profundo e estrutural: “As mulheres aprenderam a dizer não, aprenderam a buscar ajuda. E os homens não estão aceitando esse não”, advertiu.

Sirley reforçou as palavras de Mioto na tribuna Foto: Tiago Rosário

Sirley fez um paralelo com as gerações anteriores e apontou uma mudança de comportamento nas mulheres: “Elas já estão se rebelando, por assim dizer. Diferente da geração da minha mãe e da minha avó, que aceitava tudo quieta.” No entanto, ela denuncia que muitos homens reagem com violência à autonomia feminina: “Por às vezes se posicionar e dizer uma coisa num tom mais forte, o homem já acha que aquela mulher merece apanhar por causa disso?”

A vereadora lembrou ainda que foi autora do projeto que instituiu a Semana de Mobilização dos Homens pelo Combate à Violência Contra a Mulher no município — uma tentativa de conscientizar a parcela masculina da população. “Apesar de existir uma lei federal que determina isso, pouca gente sabia”, comentou, comparando a baixa adesão à campanha com outras datas mais conhecidas, como o Outubro Rosa.

Sirley também demonstrou preocupação com a gravidade do cenário nacional. “Hoje nós temos, a cada 6 horas, uma mulher morta. Por dia, são 4 mulheres no Brasil. Em Santa Catarina, foram 51 feminicídios no ano passado e, só até março deste ano, 11.”

Apesar da seriedade dos dados, a vereadora se mostrou cética quanto à mudança imediata de comportamento da atual geração masculina. “Eu já não tenho mais muita fé na atual geração masculina. Mas eu tenho muita fé nas futuras gerações.” E concluiu reafirmando um princípio que costuma repetir: “Punição para quem não tem mais jeito e educação para as futuras gerações.”

 

Sabe de algum caso de violência doméstica? Denuncie neste link: FAÇA SUA DENÚNCIA À PROCURADORIA DA MULHER

Contatos da Procuradoria da Mulher:

Fone (47) 3307-3200

WhatsApp: (47) 9 9215-2036

E-mail: procuradoriadamulher@jaraguadosul.sc.leg.br

Atendimento presencial: Rua dos Imigrantes, n° 500, bloco K, bairro Rau, Jaraguá do Sul-SC (anexo à Católica)

Rede de Proteção à Mulher

Central da Mulher em Situação de Violência: 180

DPCAMI – Delegacia de Polícia da Criança, Adolescente, Mulher e Idoso: (47) 3370-0331

COMDIM – Conselho Municipal dos Direitos da Mulher: comdim@jaraguadosul.sc.gov.br

Polícia Militar: 190

Polícia Civil: 181

CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social: (47) 3275-8750

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