Durante a sessão desta terça-feira (4), na Câmara Municipal de Jaraguá do Sul, a vereadora Professora Natália Lúcia Petry (MDB) fez desabafo sobre os processos judiciais que enfrentou ao longo dos últimos 15 anos. Ela afirmou ter sido alvo de perseguições políticas e ataques pessoais desde 2010, quando presidiu a Câmara e liderou uma CPI para investigar supostos desvios de recursos da antiga Schützenfest.
Segundo Natália, a pressão da administração municipal da época foi intensa, chegando ao ponto de resultar em sua exoneração por “65 horas repostas fora do expediente”. “Se isso não é perseguição política, me digam o que é”, declarou a vereadora. Ela destacou que foi inocentada em todos os processos, inclusive em uma ação movida por uma candidata derrotada em eleições anteriores, e que o Tribunal de Justiça confirmou sua absolvição em decisão unânime neste mês de outubro.

Natália relembrou que durante campanhas eleitorais, especialmente em 2012, 2016, 2020 e 2024, foi alvo de calúnias, difamações e ataques públicos. “Teve vereador que saiu pelas ruas com megafone dizendo que eu seria cassada e não assumiria o cargo. Fui eleita entre os mais votados porque quem me conhece sabe da minha história e do meu trabalho de 45 anos na vida pública”, afirmou. Ela criticou a forma como parte da imprensa e das redes sociais tratam processos ainda sem desfecho: “Quando somos acusados, viramos manchete. Quando somos absolvidos, talvez uma vírgula no rodapé. Isso é justo?”. Ao final, agradeceu aos familiares, amigos e eleitores que a apoiaram e concluiu: “Mesmo com tudo o que vivi, nunca esmoreci. Sempre tive fé de que a verdade viria à tona — e a verdade é como a luz: um dia aparece”.
O vereador Jair Pedri (PSD) se solidarizou com a colega e criticou a postura do secretário municipal de Transparência. Segundo Natália, o secretário teria espalhado boatos sobre sua cassação e posteriormente a bloqueado nas redes sociais. “Imagina se isso vira moda? Um secretário bloquear uma vereadora eleita pelo povo? A Câmara se torna pequena diante desse tipo de comportamento do Executivo”, afirmou.
O vereador Delegado Mioto (União) também manifestou apoio, destacando o impacto emocional de acusações injustas. “Quem já passou por isso sabe o quanto dói. Uma manchete pode destruir anos de reputação, e quando a justiça chega, ninguém fala mais. Parabéns, vereadora, pela serenidade e pela justiça feita, mesmo que tardiamente”, disse.
Já o presidente da Câmara, vereador Almeida (MDB), reafirmou o compromisso com a independência do Legislativo e relatou que também presenciou comentários ofensivos feitos por membros do Executivo sobre o caso de Natália. Ele aproveitou para compartilhar experiências pessoais de perseguição política e processos infundados durante campanhas eleitorais. “A política, às vezes, mostra o quão baixa pode ser. Justiça tardia não é justiça plena — é um reparo manco na vida de quem foi injustiçado”, concluiu, afirmando que a Câmara Municipal deve em breve convocar o secretário que bloqueou a vereadora para fazer os esclarecimentos na Casa de Leis.