Na sessão desta terça-feira (11) na Câmara Municipal de Jaraguá do Sul, os vereadores voltaram a criticar duramente a gestão da Secretaria Municipal de Saúde. O presidente da Casa, vereador Almeida (MDB), exibiu imagens e relatou o caso de um idoso de aproximadamente 75 anos que estaria amarrado há mais de quatro semanas em uma maca no Hospital São José por apresentar problemas psiquiátricos.
O vereador afirmou que o caso é resultado da falta de estrutura para o atendimento de saúde mental no município e criticou a demora para implantação de um CAPS 3 e de uma ala psiquiátrica.
“Há tempo Jaraguá do Sul já poderia ter o CAPS 3. Há tempo Jaraguá do Sul poderia e deveria estar trabalhando no aspecto de nós termos uma ala psiquiátrica”, declarou.
Almeida também acusou o secretário municipal de Saúde e sua equipe de insensibilidade e negligência diante das falhas no sistema público. O parlamentar relatou ainda a falta de pediatras em bairros como Santo Antônio, Ribeirão Cavalo, Nereu Ramos, Barra do Rio Cerro, João Pessoa e Santa Luzia, onde, segundo ele, nem copo descartável tem.
“Tu vai para Santa Luzia, nem copo descartável tem lá no posto, com um cartaz impresso numa folha quatro: estamos sem copo”, contou.
Durante o pronunciamento, Almeida defendeu que a Câmara adote medidas concretas contra o que chamou de descaso da Secretaria de Saúde.
“Eu convoco aos senhores a nós pensarmos de forma cirúrgica e agirmos”, afirmou.
O vereador Jair Pedri (PSD) reforçou as críticas e disse que a situação na saúde pública é “vergonhosa”. Ele lembrou que, segundo dados apresentados pela própria secretaria, há 130 manifestações por semana na ouvidoria do SUS, e ironizou:
“São 130 por semana. Uma média de 26 pessoas por dia, é mais do que uma pessoa por hora. Ligando para a ouvidoria do SUS para fazer elogios, muito provavelmente, porque é o que eles querem se convencer de que está tudo bem.”
Pedri citou novamente o caso do idoso amarrado e a falta de pediatras e dentistas, afirmando que os secretários vivem em uma bolha.
“O prefeito na sua bolha, ele não se convence de que há um mundo fora do gabinete, junto daqueles três ou quatro que o cercam, que dizem que está tudo bem. Não está tudo bem”, afirmou.
O parlamentar disse ainda que o governo municipal “não tem força para subir e não tem freio para parar de descer”.
“Jaraguá quer destaque em tantos cenários, mas deixa uma paciente oncológica na fila há meses e deixa um jaraguaense amarrado sem a menor dignidade. Amarrado, feito um animal, sem tratamento, sedado”, criticou.
Pedri concluiu dizendo que a administração municipal precisa resgatar a empatia no serviço público.
“O serviço público, principalmente os secretários, deveria ter uma e principal qualidade: empatia. E as pessoas, na sua grande maioria, são tratadas como números, como estatística”, lamentou.
A vereadora Professora Natália Lucia Petry (MDB) também se manifestou, dizendo sentir “angústia e impotência” diante das demandas da população que não são atendidas pelo Executivo.
“Nos sentimos aqui muitas vezes até impotentes, por termos tantas demandas que nos chegam e nem sempre temos as respostas à população, porque dependemos diretamente do Executivo. O vereador é um pedinte do Executivo”, afirmou.
Ela sugeriu que os secretários municipais sejam convocados pela Câmara para prestar esclarecimentos diretamente à população.
“Eu vou sugerir que daqui para frente nós façamos requerimentos e vamos começar a chamar os secretários para vir dar explicações aqui de público para a população. Porque eu já não tenho mais discurso quando eu saio pra comunidade”, disse.