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MOCONEVI, NOVE ANOS DE LUTA PELO ESPAÇO DOS NEGROS

[b]O vereador Francisco Valdecir Alves (PT), um dos idealizadores e fundadores do movimento, recorda os nove anos de luta que iniciou justamente em um caso de discriminação Ele, que entrou para a história como o primeiro vereador negro da história de Jaraguá do Sul, defende o orgulho da cultura afro-descendente além dos estigmas do samba e futebol[/b]

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[img align=left]https://www.jaraguadosul.sc.leg.br/uploads/thumbs/c8d777cd-44c8-bbc9.jpg[/img]

O vereador Francisco Valdecir Alves (PT) destacou na sessão da Câmara de Jaraguá do Sul desta quinta-feira o aniversário de nove anos de fundação do Movimento da Consciência Negra do Vale do Itapocu (Moconevi). Um dos idealizadores e fundadores do movimento, Francisco recordou que o surgimento foi recebido como um choque na sociedade da região. “Muitos questionavam do porquê criar um movimento de negros se somos todos iguais perante a lei?”
“Não tivemos a mesma oportunidade na história do Brasil, porque ficarmos nos escondendo? Infelizmente, foi necessária a criação do movimento”, entende o vereador. Não só na história do Brasil, mas também na história de Jaraguá do Sul os negros foram praticamente esquecidos. Sempre há destaque para o nome do fundador da cidade, Emílio Carlos Jourdan, e as etnias de colonizadores que chegaram aos mais longínquos cantos da região, mas dos negros que chegaram com o fundador e se estabeleceram oferecendo seu trabalho braçal para que a cidade chegasse ao nível de desenvolvimento atual, poucos falam.
Por isso, Francisco, que também já entrou para a história da cidade de 134 anos de fundação e 76 anos de emancipação como o primeiro vereador negro eleito, aproveitou para enaltecer o trabalho feito pelo Moconevi e a toda a sua diretoria. Lembrou em especial da coordenadora, a professora Marlene Rosa dos Santos, muitas vezes homenageada na Câmara e figura respeitada entre todos, em especial o vereador Jaime Negherbon (PMDB), que a homenageou no Dia do Professor do ano passado por ter sido sua primeira professora.
“Tenho orgulho de fazer parte do movimento e do trabalho de resgate da cultura afro. Nem sempre temos a mesma oportunidade, muitos viram as costas para nós. Isso é ruim, me dói, me magoa, mas sabemos que após o lamentável episódio de 2001 que motivou a criação do grupo, quando uma enfermeira de Guaramirim deixou de atender uma pessoa que ia ter um bebê, os avanços foram grandes.
O vereador ainda citou a promulgação pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, da lei nº 10.639/2003, que altera a lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências.
Ainda no ano passado, a bancada do Partido dos Trabalhadores recebeu a chefe de gabinete da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), professora Sandra Rodrigues Cabral, e o sociólogo e consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), João Carlos Nogueira, que ficaram surpresos ao constatar que em Jaraguá do Sul há grande disponibilidade tanto da Câmara como a Secretaria de Educação do município em implementar a disciplina na grade curricular das séries iniciais.
Porém, alerta Francisco, é preciso dar orientação aos professores, para que eles consigam entender a etnia. “Não queremos ser lembrados apenas com samba e futebol. Queremos representação em vários setores da sociedade. Tem que ter competência para exercer tal função, em um processo de busca e conhecimento que leva ao orgulho de contar a verdadeira história dos afro-descendentes”.
O vereador Justino da Luz fez coro às palavras do colega de bancada, enfatizando que o Moconevi, além de resgatar toda uma história, mostra que as coisas podem seguir mudando. “Parabéns pela luta por uma sociedade sem discriminação e com mais valorização”.

[u]Jornalista responsável: Rosana Ritta – Registro profissional: SC 491/JP[/u]