O projeto que proíbe a colocação de tubulação com medidas inferiores a 60 centímetros de diâmetro em loteamentos e ruas de Jaraguá do Sul foi novamente retirado da pauta de votação, desta vez pelo autor da proposta, Jaime Negherbon, com o objetivo de apresentar emendas.
Em seu discurso na sessão de ontem, Negherbon relembrou a chuva torrencial que atingiu o município na última quarta-feira, 22. De acordo com ele, a chuva constante alagou várias residências em alguns bairros devido à tubulação ser inferior aos 60 centímetros de diâmetro. “Muitas vezes, os tubos estão entupidos e não comportam o volume de água”. O vereador apresentou imagens dos locais prejudicados pela chuva. “Loteamentos novos que vão surgir, seja público ou privado, devem colocar tubulações maiores, para dar mais escoamento”, ressaltou.
Afonso Piazera Neto afirmou que acha louvável a iniciativa, buscando a preocupação com os alagamentos, mas disse não poder aceitar o projeto, porque existe um cálculo que deve ser feito quando há um projeto de galerias de águas pluviais. Ele salientou que é preciso um plano e um projeto global, definindo o diâmetro e que o projeto vai encarecer muito e não vai resolver o problema. “Outra coisa importantíssima, que podemos até fazer indicação, para que se tenha uma equipe permanentemente fazendo a limpeza das bocas de lobo. Não adianta colocar tubo maior, se estiverem entupidas. Eu louvo a vossa preocupação, mas tecnicamente não posso aprovar com tubulação mínima de 60 centímetros”.
O vereador Ademar Possamai justificou ser contrário à medida, pois o problema não é o tamanho do tubo, mas a falta de dimensionamento. “O mais importante do que definir um tamanho mínimo, é ter um estudo técnico para isto”. Possamai ressaltou a necessidade de se investimento nas áreas antigas. Ele contextualizou a forma como Jaraguá do Sul foi se desenvolvendo, crescendo ao redor de um centro, que geralmente é histórico, sendo realizados vários reparos, mas não investimentos. “A preocupação do Jaime é a de todos aqui, que acompanham estes problemas, mas entendo que este é o tipo de lei que vamos ver as consequências daqui a algum tempo”.
Negherbon disse respeitar o posicionamento, mas não concorda. “Quero que a água flua até o rio e não volte pelas bocas de lobo”. O vereador afirmou que já fez muitas indicações, solicitando o desentupimento de tubulação.
Justino da Luz comentou que a comunidade, em muitos momentos, acaba confundindo o papel do vereador, dizendo que os vereadores não estão fazendo nada.
“Lembro que em uma das primeiras sessões, quando esta Casa estava em reforma, comentávamos sobre a necessidade de termos algo que pudesse facilitar as participações das associações, para dar opiniões. E hoje temos este projeto que visa transformar o conhecimento popular, e não técnico, em algo que possa utilizar”.
Justino disse que na sua rua há tubos com 60 centímetros de diâmetro e mesmo assim, alguns lugares, não comporta o excesso de água da chuva. Ele ressaltou ser um loteamento novo. “Imaginem os antigos. Então é necessário haver uma maneira de Legislativo e Executivo começar a ouvir a comunidade. Sejamos prudentes em aprovar este projeto”.
A vereadora Natália Petry sugeriu que o projeto fosse retirado da pauta para a apresentação de emendas. “Em maio de 2011, foi promovida audiência publica para tratar dos problemas de alagamentos e uma das propostas foi um projeto de macrodrenagem, que é esta a discussão técnica. Mas no entanto, até o momento, não se iniciou esta grande obra. Gostaria de propor que não se continue a cometer os mesmos erros, para que façamos emendas para que a partir de agora todo loteamento possua este diâmetro mínimo, e que sejam substituídos onde tem de 40 centímetros. Depois o estudo técnico vai dizer o diâmetro, mas que não se implante mais os de 40 centímetros”.
O líder de governo, José Osório de Ávila, justificou o voto contrário, dizendo que sabe das boas intenções do vereador Jaime em contribuir para a comunidade. “Mas quero citar experiência da rua João Carlos Stein com João Januário Ayroso. Ali tem tubo de um metro e meio e somos sempre prejudicados, porque a boca de lobo não consegue escoar a água”, disse. Afonso Piazera comunicou que o Plano Municipal de Saneamento será enviado à Câmara e a população será ouvida.
