A luta pelo fim da violência contra a mulher, por muito tempo um grito solitário ecoando em vozes femininas, só alcançará a vitória quando se tornar um diálogo, um pacto de responsabilidade mútua. Em 2022, o plenário da Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul formalizou o entendimento deste paradigma ao aprovar uma lei de coragem e clareza inquestionáveis: a que institui a Semana Municipal de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres.
Aprovada em 1º de setembro daquele ano, a matéria, de autoria de Nina Santin Camello (legislação 2021-2024) e Sirley Schappo (Novo), nasceu de uma verdade incômoda, cravada em números alarmantes. À época, a Polícia Militar reportava 368 ocorrências de violência doméstica em apenas sete meses na cidade. Uma cicatriz na face de um município tido como referência em segurança pública.
A face mais devastadora desta chaga mostra que a violência não destrói apenas a mulher, mas toda a constelação familiar. Na época, o caso de um exemplo trágico de um pai que assassinou a própria filha de cinco anos na vizinha Guaramirim serviu como um lembrete sombrio de que a hostilidade no lar é uma bomba-relógio que consome inocentes.
A legislação, então, estabeleceu no calendário oficial do município a semana do dia 6 de dezembro – em alusão ao Dia Nacional sobre o tema – como um período de profunda reflexão e ação. Um tempo dedicado a campanhas educativas que não falam para os homens, mas que os convidam a falar, a se envolver, a se conscientizar e a se tornarem agentes ativos na desconstrução da cultura machista.
De projeto a símbolo de um novo tempo
Três anos depois de sua aprovação, a lei transcendeu o papel e se tornou um símbolo. Neste mês de agosto de 2025, enquanto a cidade se veste de lilás, ela é uma das peças de maior destaque na exposição “As leis de Jaraguá do Sul ao lado das mulheres”, em cartaz no Espaço Cultural Professor Dolcidio Menel.
Sua presença na mostra é uma declaração poderosa. Representa a maturidade de uma sociedade que compreende que o problema não será resolvido tratando apenas suas consequências, mas atacando sua raiz cultural. É a formalização de um convite, uma convocação para que os homens deixem a plateia da indiferença e subam ao palco como protagonistas da mudança.
Ao destacar esta lei, o Legislativo jaraguaense não apenas celebra uma conquista de seu passado recente. Ele aponta para o futuro, para um horizonte onde a luta pela dignidade feminina não seja uma batalha de um gênero contra o outro, mas uma jornada de toda a humanidade em direção à paz.