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COMO JARAGUÁ E REGIÃO VÃO COMBATER A EPIDEMIA DO CRACK

[b]Audiência pública da Assembleia Legislativa, realizada na Câmara, analisou as deficiências sociais que levam à droga que se revela uma das mais devastadoras Desafio da sociedade passa pela educação como ação preventiva, mas necessita de atenção também a fase de tratamento e ressocialização, já que somente agora consumo está sendo tratado como doença[/b]

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A ampliação de leitos hospitalares para o tratamento de desintoxicação de usuários de drogas, o fortalecimento das entidades organizadas, mais investimentos por parte do Estado, a criação de um fórum permanente de discussão contra o uso de drogas e maior divulgação de programas preventivos e educativos já existentes, como o Programa de Educação e Repreensão às Drogas, o Proerd.
Estes são alguns dos encaminhamentos resultantes da audiência pública para tratar do combate às drogas, em especial o crack, promovida pela Assembleia Legislativa, na Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul, na noite desta segunda-feira (14 de junho). A audiência pública, solicitada pelo deputado estadual Dieter Jansen (PP), foi conduzida pela deputada estadual Ana Paula Lima (PT), presidente da Comissão dos Direitos e Garantias Fundamentais de Amparo à Família e Mulher da AL.
A deputada, enfermeira de profissão, enfatizou que a realização da audiência é uma atitude de coragem, pois estes temas desencadeiam uma série de sentimentos e expõem a sociedade a um inimigo que agride a sociedade de uma forma avassaladora. E lembrou que o momento é de alerta para a necessidade de políticas públicas do governo voltadas para a prevenção.
Ela lembrou que o governo Lula lançou recentemente o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, para o qual estão destinados R$ 410 mil. E que lamentavelmente o governo de Santa Catarina foi o penúltimo Estado a assinar o convênio com o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, somente firmado nesta segunda, que resultará no recebimento de R$ 20 milhões de recursos para a segurança pública atuar no combate à criminalidade.
Ana Paula destacou que as drogas são responsáveis pelos altos índices de criminalidade, tanto que 70% dos que cumprem penas são jovens envolvidos no uso ou tráfico de drogas. “Ele mata milhares de adolescentes e jovens e coloca a família num martírio constante. Espalhou-se para municípios pequenos e este é apenas um alerta, pois tenho informação de que uma droga mais devastadora ainda, a melra, também está entrando na região”, destacou. Por isso, ela destacou a necessidade imediata de definir quantos leitos o município vai disponibilizar para o tratamento de desintoxicação para os jovens usuários.
O deputado Dieter Janssen (PP) ficou satisfeito em conseguir sair da audiência com uma agenda positiva, “com ações concretas para que possamos contribuir para que toda a região ganhe”. Ele disse que como morador do centro observa que esta era uma das pendências, já que facilmente encontra-se jovens usando crack à luz do dia.
Destacou a importância da relação das casas de apoio com o poder público, pois não há de imediato um suporte para as famílias que precisam de ajuda. Mostrou imagens de um vídeo que mostra cenas de auto-destruição promovidas pelo crack e entrevista chocante com usuário que diz que é capaz de vender até a porta da casa por R$ 5,00 para comprar a droga.
A presidente da Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul, Natália Lúcia Petry (PSB), enfatizou que o crack é um problema nacional, pois é um desafio coibir que mais crianças e jovens entrem para este mundo sem volta, tornando-se improdutivos para a sociedade, aumentando cada vez mais os problemas de saúde pública, que já são bastante grandes. Natália propôs uma força-tarefa para combater o consumo de drogas, que onera os cofres públicos e ainda provoca a superlotação de penitenciárias e presídios.

[b]DROGA AVASSALADORA QUE TRANSFORMA USUÁRIO EM ZUMBI[/b]

O delegado regional Uriel Ribeiro confirmou que a droga é avassaladora, pois impõe um vício imediato, tornando o viciado um trapo humano, trazendo a morte em vida. “O indivíduo se torna um zumbi e ainda arruína a família. É uma droga de fácil manejo, que chega imediatamente ao cérebro e provoca necessidade de uso quase que contínuo”, disse.
Uriel lembrou que o álcool também traz dano à sociedade por conta de acidentes e violência doméstica, mas o crack é pior. Defende que para conter o avanço da droga, tem que atuar na prevenção, evitando que se experimente a droga. Lembrou da ação das polícias na repressão no tráfico, principalmente, informando que no ano passado, de 56 prisões em flagrante por tráfico, seis foram por cocaína, oitopor maconha e as 42 restantes por crack.
Com base nestes dados, o delegado defende que realmente o crack precisa de combate mais efetivo, e defendeu a necessidade de instalação de uma Delegacia Especializada de Combate ao Tráfico de Entorpecentes, que pudesse repercutir em toda a região. “A repressão deveria ser do Estado e do governo federal, e os Estados e municípios deveriam se envolver mais na prevenção e na recuperação”.
O presidente da seccional de Jaraguá do Sul da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Raphael Rocha Lopes, cobrou a responsabilidade social de todos. Cobrou do Estado perspectivas aos jovens, com condições de saúde e lazer. “Não podemos fechar os olhos para esta realidade, pois sem educação não há programa que persista. Não existe milagre. Todos conhecemos alguém que está envolvido com drogas”, lamentou, destacando que a participação de todos é importante, mas isso é pouco, pois se acharmos que o Estado não está fazendo nada e não cobrarmos vai continuar sendo muito pouco.
Para Raphael, “não podemos querer combater o problemas das drogas apenas com a repressão. Ela não será a nossa solução”. Destacou um personagem do Shakespeare que diz que somos feitos da mesma matéria de nossos sonhos. “É a única maneira de alcançarmos um resultado e um mundo melhor”.
Arsanjo Colaço, do Conselho Municipal de Entorpecentes (Comen), apoiará qualquer ação contra as drogas, embora tenha consciência de que não se resolverá todos os problemas. “Ainda não é a pior situação”, alertou, lembrando também sobre as drogas lícitas, como o álcool, que é a principal porta de entrada de outras drogas. A segunda droga é o tabaco. E anunciou a realização do 3º Seminário do Comen, no dia 22 de junho, além de uma série de atividades previstas para os próximos dias para discutir o drama, e que culminará com uma campanha educativa no sábado, na Arena.
O policial Adilson Macário de Oliveira Jr, coordenador regional dos Conselhos Comunitários de Segurança, também defendeu a tríade educação-saúde e segurança como prioritária.

[b]DISCUSSÃO SÉRIA PASSA ATÉ PELA LIBERAÇÃO E A EDUCAÇÃO[/b]

O ex-deputado estadual e representante da senadora Ideli Salvatti (PT), Dionei Walter da Silva, enfatizou que vários fatores envolvem o ato de a pessoa fazer uso da droga, o que se torna uma cadeia, onde é proibido roubar, é proibido comprar um objeto roubado, como no caso de receptador. “Precisa discutir efetivamente o controle, precisa discutir a liberação, trabalhar com programa sério que estimule a educação e a consciência da pessoa”, desafiou, enfatizando que é preciso entender um pouco mais a sociedade, ao mesmo tempo em que lamentou que SC foi o penúltimo Estado a assinar convênio com o governo federal para o programa de combate às drogas.
O tenente-coronel Rogério Luiz Kumhlem, comandante do 14º Batalhão da PM, que atende aos cinco municípios da região, com uma população de cerca de 215 mil habitantes na região, acredita que o trânsito ainda é o problema mais sério, porque diz que tem dados que mostram que na região ele ceifa mais vidas que o tráfico.
“O crescimento do tráfico é inferior ao número de veículos e ao crescimento populacional, mas não posso negar que o problema existe. O índice de crimes e contravenção tem número insignificante de acréscimo”, apresentou Kumhlem. Segundo ele, a região central de Jaraguá do Sul é ponto crítico, mas lembrou que as câmeras de vigilância acabaram com algumas concentrações e a PM está trabalhando incisivamente em cima dos usuários contumazes, pessoas que são presas até 16 vezes pela posse e consumo da droga, mas retorna ao vício.
O comandante da PM acredita no Proerd como o único trabalho efetivo como prevenção, defende a escola em período integral, e responsabilizou os pais que não colocam os filhos na cama cedo e que deixam os filhos em poder do Estado. Até o momento, informou que 45 mil pessoas foram atendidas no Proerd, que estendeu o trabalho também para os pais, mas que também sofre com a falta de recursos financeiros. “Se não fizermos nada contra o usuário, se não mudar a lei, pouco vai mudar. Se punir o usuário, talvez os resultado sejam mais efetivos”.
Porque chegamos nesta situação? Refletiu a deputada Ana Paula. Estamos neste momento com a sociedade doente, precisamos unir nossas forças para a prevenção e o tratamento, não me diga que um presidiário sai melhor do que entrou, disse ela ao comandante, defendendo o tratamento de desintoxicação.
“Sabe qual é o desespero de uma mãe e um pai? Onde internar? Aqui em Jaraguá, quantas unidades ou comunidades terapêuticas existem? Quantos leitos existem nos hospitais?”, cobrou a deputada, para quem hoje encontramos menos fumantes que fumantes em função de campanha nacional.
O presidente da Federação Catarinense de Teatro (Fecate), Leone Silva, refletiu sobre o Estado brasileiro. “Para quem tem filho, e eu tenho dois, me preocupa demais as drogas, o pai não pode estar 100% com os filhos. Ou você prepara o cidadão para estar lá preparado…”. Ele elogiou o Proerd, como algo de novo, que faz alguma coisa na cabeça daquelas crianças. E apresentou estatística, que mostra que a educação e a cultura são desprezadas pelo Estado – 92% dos municípios não tem cinema, teatro ou museu.
Rudi, vice-presidente do Conselho Municipal de Juventude, que já foi interno de uma casa de recuperação na década de 90, também propõe atividades e oficinas e apóia a criação de fóruns permanentes e medidas práticas para influenciar as próximas gerações. Para ele, o crack não é a droga do pobre, mas empobrece a todos.

[b]ASSUNTO MERECE FÓRUM PERMANENTE DE DISCUSSÃO[/b]

O vereador Justino Pereira da Luz (PT) propôs que os representantes de entidades presentes deixassem seus telefones para se criar uma comissão e se manter um fórum de debate para acabar com a droga. Lembrou que na audiência da reconstrução alguém disse que aquele momento importante era um circo, por isso entende que esta comissão precisa atuar permanentemente.
O vereador Francisco Alves (PT) lembrou que o cigarro é uma ponte para o crack. O que faremos? Como faremos? Propôs também um fórom comprometido com o poder público, pois e uma situação delicada de saúde pública. “Podemos pensar, como legisladores, que se inclua na grade curricular uma disciplina que eduque as crianças para este tema”.
Janice Breithaupt, da Casa de Apoio Padre Aloísio, enfatizou que é importante mostrar a cara. E refletiu: são os meninos ou as famílias quem adoece primeiro? Ela concorda que há verbas sim, mas pediu que elas viessem às mãos certas e pelos caminhos corretos, sem muitos trâmites. Tinha R$ 200 mil para receber para uma sede, mas ficou preso porque é ano político e se cansou disso. “Mas vamos construir de qualquer jeito. Em Jaraguá, não dependemos muitos dos políticos, vamos buscar dos empresários”.
A deputada Ana Paula concordou com Janice que é necessário cobrar dos políticos, lembrando que até os empresários de Jaraguá do Sul dependem da política, mas execrou qualquer tipo de politicagem. “Estes recursos existem, mas precisa ser feito um diagnóstico, para saber quantos usuários, quantos centros, quantas comunidades terapêuticas há, e cobrar do deputado Aguiar, de ele prometeu”, destacou.
O ex-deputado e ex-prefeito de Guaramirim, Evaldo João Junckes (PT), parabenizou Rudi pela sua humildade e sinceridade. “A culpa é nossa, porque muitas vezes vamos atrás de conquistas pessoais e os filhos ficam por conta do Estado. Os governos se preocupam muito com festas, parem de fazer festas e invistam nesta ação”, apelou.
A coordenadora do Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS-AD) para usuários de álcool e outras drogas, informou sobre o serviço que é prestado em sede central recentemente inaugurada na rua Joaõ Picolli, no centro, colocando o espaço à disposição para quem quiser conhecê-lo.
Hélio Sebastiana, que trabalho no programa municipal que lida com moradores de rua, diz que é a favor que se construa uma sala com psicólogos e assistentes sociais nas escolas para orientar os alunos para que eles mesmos se defendam contra as drogas.
Clóvis, pai de ex-dependente, respondeu a Janice que quem adoece primeiro é o usuário. Segundo ele, o jovem adoece e sofre muito. Já fez parte do Proerd de pais, já conversou com o comandante, e pediu que a imprensa abra espaço para divulgar idéias que dão certo, como precisa maior divulgação o Proerd. E que se destine cesta básica para entidades que atendem estas pessoas. “A sociedade tem que parar de ser hipócrita e colaborar”.
O professor Daniel Budal Arins também criticou a inércia dos órgãos públicos para instalar teatro e atividades esportivas. Contou o caso de sua irmã, professora em Barra Velha, que teve podadas todas as ideias para oferecer atividades culturais aos alunos, e defendeu o trabalho na base, para educar corretamente o aluno para que ele saiba dizer não.

[i]Jornalista responsável: Rosana Ritta – Registro profissional: SC 491/JP[/i]